Diário® – 16/12/23

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original disponível, fale comigo para saber mais

Parte I – 11/12/23

Nosso telhado, mal feito, que deu problemas desde o primeiro dia, se enrolou que nem uma lata de sardinhas com a tempestade violenta de ontem, derrubando uma cachoeira sem precedentes pelo conduíte da sala. Enquanto corríamos para esvaziar balde atrás de balde, não pude evitar de traçar um paralelo com a futilidade de tentar esvaziar um barco furado, que afunda. Só conseguia dizer meu deus, meu deus, meu deus em meio às lágrimas, que se somavam às da casa. Ainda assim, não foi em vão o esforço, conseguimos lidar com a crise e depois da chuva, intensa mas breve, abriu um lindo pôr do sol com uma revoada de andorinhas. Agora esperamos um novo serralheiro para o próximo capítulo dessa cobertura.
Entro em uns espirais quando me sinto desprotegida no meu abrigo, mas o Rogê me lembrou que nunca existe isso de segurança de verdade. A vida está sempre aí, dentro e fora de casa, com bruta transparência.
Me sinto renovadamente grata pela vida que tenho, pelos afetos, pelos apoios, pelas alegrias, pelas ambiguidades e pelas angústias, porque estou viva e estou aqui.

Parte II – 16/12/23

O telhado novo, ou ao menos renovado, está quase pronto. Os calheiros vieram na segunda-feira para ver o estrago e preparar o orçamento. Descobrimos que o telhado anterior estava meramente apoiado sobre seus pezinhos metálicos, além de aparafusado em alguns pontos nos blocos (de oito furos, ocos) que compõem nossa casa. Pareceu um milagre que ele não tenha saído voando antes.

Na quarta-feira os calheiros, dois filhos e seu pai (três homens muito simpáticos e, ao que tudo indica, competentes), estavam de volta para iniciar o serviço, que vai, com perdão do trocadilho, de vento em popa.

Quando as telhas se enrolaram, pedi às forças maiores que nos concedessem um período sem chuva para que pudéssemos evitar de viver em um aquário, mas que também não era preciso exagerar, parar de chover para todo o sempre (rs). Só até terminar o serviço. Ontem, assim que os três partiram e que a laje estava toda coberta, começou uma chuva densa, de pouco vento. Me senti tomada pela efervescência de um segredo místico e me pus à disposição do tempo da chuva (estou no aguardo de um sinal, que espero poder cumprir).

Dá medo dizer isso, mas acho que agora estamos confiantes com nossa cobertura – ontem o Roger disse se sentir à vontade dentro de casa na chuva pela primeira vez. No dia da crise, eu me lamuriava a meu pai e madrasta que era tudo culpa minha e do Roger, por termos tomado todas as decisões erradas na construção da casa, que não sabíamos o que estávamos fazendo e agora vivíamos o resultado. Eles me tranquilizaram com uma gargalhada não jocosa, de jeito nenhum, toda casa é assim, vamos arrumando as coisas aos poucos, vocês têm uma casa que fizeram, isso é muito bom. Muitas amigas e pessoas próximas também nos recitaram suas histórias de telhados ruindo, água correndo pelas paredes, móveis flutuantes, telhas aladas – o que me fez achar meu desespero um pouco ridículo, o que de fato foi. E por isso também nos tranquilizaram. E eu não me arrependo de nada, como diz o Brel.

Agora há só alguns ajustes finais a fazer lá em cima, para além da porta da sala que, com alguma sorte, será possível consertar também – um outro perhaps, como se diz aqui na região!

Sempre sua,
Popinhas

2 respostas para “Diário® – 16/12/23”.

  1. Lindezaaaaa! Eu amo te ler, sempre! Uma delícia mesmo que a distância…. Saudades de você viu? Fique bem e quando vier a São Paulo e tiver algum tempinho, me avise pra gente tentar se ver? Um beijo grande em você e outro no Rogê! ❤️✨

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    1. Cinco milhões de anos depois ahah, o tempo que estive longe daqui!! Lulu, mensagem lida e sorvida com enorme delícia, você já sabe!! ❤ ❤ ❤ todos os beijinhos

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